Semanas de angústia política para uns; de irrelevância para outros

O fracasso da última manifestação contra reformas, contra a permanência de Michel Temer no Palácio do Planalto e outros blábláblás, que motivaram uma pretensa “greve geral” semana passada, levou poucos às ruas e só serviu para dificultar a vida de milhares e milhares de pessoas no Distrito Federal. Sinalizou também que o “Fora Dilma” foi muito, mas muito mais forte e importante para engajar os brasilienses do que agora.

Lembrem: boa parte dos moradores do DF é que atura diretamente, no ambiente de trabalho, os governantes e parlamentares, sejam competentes ou não. Os servidores de carreira – concursados – são os primeiros prejudicados quando as mazelas tomam conta da máquina pública.

O fato é que Michel Temer é um presidente com “p” minúsculo, embora logo após o impeachment desse outra impressão em razão de seu discurso. Seu histórico é de um político de ação nos bastidores – logo, não soube se comportar adequadamente quando virou protagonista, fiscalizado por tudo e por todos o tempo inteiro. Além disso, estava com vários rabos-presos que começaram a aparecer ao longo do tempo.

Mesmo com a gravidade das acusações contra Michel Temer – primeiro presidente a ser denunciado no exercício do cargo – e seus asseclas de confiança, o setor produtivo em Brasília (existe e está crescendo) dá uma banana para isso e toca a vida. Até mesmo setores que dependem do governo para atuar com mais desenvoltura estão indo em frente enquanto o rolo político-jurídico em que Temer se meteu prossegue.

Óbvio que a crise econômica, que ainda persiste, enxugou o dinheiro em circulação, mas várias empresas voltaram a investir e observam recuperação nos negócios, gradual, gerando otimismo.

Os que gritaram “Fora Dilma!” nas ruas por aqui, também querem Michelzinho e família de volta a São Paulo o mais rápido possível. Mas sofrem o mesmo dilema dos demais brasileiros: quem, neste momento, saberia gerir o Brasil politicamente? Enquanto isso, Temer vai ficando. Se as ruas não voltarem a gritar pra valer, ele “irá ficando”…