Nas andanças por São Paulo ou nas grandes metrópoles do Brasil os cidadãos estão habituados, infelizmente, a utilizar transportes públicos sempre lotados e ainda por cima atrasados, o que impede que muitos de nós cheguemos no horário marcado de nossos compromissos.
Dias atrás indo para o trabalho me deparei com um cartaz colado no vidro onde a São Paulo Transportes (SPTrans), empresa que gerencia as linhas de ônibus da cidade de São Paulo, coloca seus informativos para a população. Normalmente eles passam despercebidos, mas este me chamou a atenção por se tratar de uma iniciativa destinada a disseminar o hábito da leitura.
O projeto Livro na Faixa, criado pela SPTrans em parceria com empresas de ônibus, procura incentivar o hábito da leitura aos milhões de cidadãos que utilizam os terminais localizados em diversos pontos da cidade. E o mais interessante é que não é necessário fazer inscrição ou seguir quaisquer outros expedientes burocráticos. Basta pegar o livro que se quer ler e levá-lo. Caso o bom senso pese na consciência, basta devolvê-lo. Mas, se quiser, pode ficar com o livro também. Sem culpa!
Esta é uma ideia interessante porque promove a cultura, além de ajudar a diminuir o sofrimento de milhares de pessoas que esperam pelo ônibus em terminais lotados, nos horários de pico. Mas como sempre faço questão de fazer uma análise crítica do que vejo pela cidade, sugiro o seguinte questionamento: afinal, precisamos de livros “na faixa” ou mais ônibus nos terminais e nos corredores?
Por outro lado tudo que incentive o desenvolvimento cultural de uma população, que em média não lê nem três livros por ano, deve ser considerada uma iniciativa válida.
As estantes estão nos terminais Grajaú, Capelinha, Guarapiranga, Santo Amaro, Bandeira, Campo Limpo, Lapa, Pirituba, A.E. Carvalho e Carrão. São locais que sempre estão lotados nos horários de pico da manhã e da tarde. Por conta disso, a leitura pode funcionar como uma forma de amenizar os efeitos deste momento conturbado na vida das pessoas, tornando-o o momento menos cansativo e mais agradável.
Em se tratando de cultura, iniciativas desse tipo são sempre válidas. Porém, é necessário que sejam mais bem divulgadas, pois apenas um cartaz colado no vidro do ônibus pode não ser suficiente.
É que o aviso fica em um local no qual boa parte das pessoas quase nunca prestam atenção e muito menos param para ler, pois o celular acaba sendo mais atrativo em certos momentos.
Enfim, algo interessante e que seria ótimo que toda a população usufrua.
Boa semana a todos!
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Rodrigo Garcia é designer gráfico e arte-educador.
Para ele, o que o move no mundo é a possibilidade de ver a arte, seja ela em grafite, ilustração ou em tela.