Um recanto de paladar e acolhimento

O bairro do Cambuci, na Zona Leste de São Paulo, esconde alguns segredos em diversos segmentos de nossas vidas: cultura, história e lazer; em endereços conhecidos apenas por quem nasceu ou foi criado nas redondezas. Um destes locais icônicos é o bistrô Fio de Azeite, comandado pela chef Márcia Monteiro. O restaurante abrigou um dos eventos relacionados à divulgação do Prêmio Consulado da Mulher de Empreendedorismo Feminino 2018. Trata-se do projeto que é o carro-chefe da plataforma de ações sociais da Consul, marca controlada pela americana Whirlpool cujo portfólio inclui Brastemp, Consul e KitchenAid. Por meio desta plataforma, a empresa já qualificou 34.200 mulheres, desde 2002.

O foco é a geração de renda, a partir da monetização dos saberes culinários, abarcando todas as classes sociais. “O programa alcança desde refugiados que chegam ao Brasil, até mulheres indígenas que vivem em tribos no Xingu, passando por moradoras de bairros carentes das regiões metropolitanas”, conta Leda Böger, diretora executiva do Instituto Consulado da Mulher.

O processo de treinamento e acompanhamento dos negócios existentes, ou criados a partir da inclusão das mulheres no programa, tem duração de dois anos. Neste período, elas participam de workshops, cursos e palestras nas áreas de marketing, finanças e gestão. Também aprendem a manipular alimentos de forma correta e contam com o auxílio de nutricionistas para avaliar receitas e criar rótulos com os componentes nutricionais de cada produto.

Todo este arsenal de conhecimento e a forma de realizar o trabalho acabaram sendo reconhecidos como Tecnologia Social pela Fundação Banco do Brasil. A expertise também chamou a atenção da Clinton Global Initiative, comandada pelo ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton, que financiou um projeto de lavanderia popular, liderado pelo Consulado. A Fundação L´OCCITANE, por sua vez, acaba de incluir o Consulado na lista de três ONGs globais beneficiadas com o lucro obtido com a venda da vela aromática La Flamme.

Apesar de contar com o apoio de parceiros, o Instituto Consulado da Mulher é bancado quase que integralmente pela fabricante de eletrodomésticos: R$ 3 milhões por ano. Apesar da elevada taxa de mortalidade dos negócios, 20% quebram em até dois anos, os números mostram a importância do projeto. Os 245 empreendimentos em operação, que passaram pela consultoria do Instituto, tiveram faturamento de R$ 5,7 milhões. “Trata-se de um montante 39% maior em relação a 2016”, conta Leda.

A estrela desse grupo é Márcia, a sócia do Fio de Azeite, cujo faturamento mensal bruto está na faixa de R$ 50 mil. Nascida no Pará e graduada em administração de empresas, foi na gastronomia que ela se reconheceu e se emancipou. “Aqui nós apostamos no afeto e no cuidado das mulheres”, diz a chef que se tornou uma referência gastronômica no histórico bairro que foi o berço do movimento anarquista, na cidade.

Uma curiosidade: o nome Consulado nasceu da junção da marca Consul com a expressão Estar ao lado.

SAIBA MAIS

Sobre a campanha La Flamme (em francês)

Sobre o Consulado da Mulher

*Artigo atualizado às 12h50min de 19/3/2018