A temperatura média global da superfície foi 1,55°C (com uma margem de incerteza de ± 0,13°C) acima da média de 1850-1900, de acordo com a análise consolidada dos seis conjuntos de dados. Isso significa que, provavelmente, acabamos de vivenciar o primeiro ano com uma temperatura média global superior ao limite de 1,5°C do Acordo de Paris, relativo à média pré-industrial de 1850-1900. “A avaliação de hoje da Organização Meteorológica Mundial (OMM) prova mais uma vez que o aquecimento global é um fato incontestável”, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres.
A fala do secretário-geral se deu em meio à divulgação de dados da Organização Meteorológica Mundial (OMM), resultante do cruzamento de inúmeros dados obtidos no monitoramento ambiental reunidos pelos seguintes organismos: Centro Europeu de Previsões Meteorológicas de Médio Prazo (ECMWF), da Agência Meteorológica do Japão, NASA, Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos, (NOAA), Agência Meteorológica do Reino Unido, em colaboração com a Unidade de Pesquisa Climática da Universidade de East Anglia (HadCRUT) e o grupo Berkeley Earth, da Universidade de Berkeley. O momento da divulgação dos seis conjuntos de dados de temperatura foi coordenado entre as instituições para enfatizar as condições excepcionais vivenciadas em 2024.
“É importante enfatizar que um único ano com mais de 1,5°C em um ano NÃO significa que não conseguimos cumprir as metas de temperatura de longo prazo do Acordo de Paris, que são medidas ao longo de décadas e não em um ano específico. No entanto, é essencial reconhecer que cada fração de um grau de aquecimento é importante. Seja em um nível abaixo ou acima da meta de 1,5°C, cada incremento adicional de aquecimento global aumenta os impactos sobre nossas vidas, economias e nosso planeta”, disse o secretária-geral da OMM, Celeste Saulo.
Um estudo separado publicado na revista Advances in Atmospheric Sciences descobriu que o aquecimento dos oceanos em 2024 desempenhou um papel fundamental nas altas temperaturas recordes. O oceano está mais quente do que nunca, conforme registrado por humanos, não apenas na superfície, mas também a 2.000 metros de profundidade, de acordo com o Instituto de Física Atmosférica da Academia Chinesa de Ciências. O estudo envolveu uma equipe de 54 cientistas de sete países e 31 institutos.
No biênio 2023-2024, o aumento global do conteúdo de calor do oceano a 2000m de profundidade é de 16 zettajoules (1021 Joules), cerca de 140 vezes a geração total de eletricidade do mundo em 2023, de acordo com o estudo, que se baseia no conjunto de dados do Instituto de Física Atmosférica.
A OMM fornecerá todos os detalhes dos principais indicadores de mudança climática, incluindo gases de efeito estufa, temperaturas da superfície, calor do oceano, aumento do nível do mar, recuo das geleiras e extensão do gelo marinho, em seu relatório Estado do Clima Mundial 2024, a ser publicado em março de 2025. Esse relatório também fornecerá detalhes de eventos de alto impacto.
Guterres, secretário-geral da ONU, otimismo em meio aos sinais de alerta / Foto: ONU (Divulgação)
Guterres pediu aos governos que apresentem novos planos nacionais de ação climática este ano para limitar o aumento da temperatura global a longo prazo a 1,5°C e ajudar os países mais vulneráveis a lidar com os impactos climáticos devastadores, conforme definido no Acordo de Paris. A dificuldade de implementação de medidas práticas e as ameaças do recém-eleito eleito presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ajudam a pressionar ainda mais a COP 30 que acontece em novembro, em Belém.
Uma equipe internacional de especialistas criada pela OMM deu uma indicação inicial de que o aquecimento global de longo prazo, conforme avaliado em 2024, é atualmente de cerca de 1,3°C em comparação com a linha de base de 1850-1900.
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