ONU libera US$ 170 milhões para prevenir malária

ONU libera US$ 170 milhões para prevenir malária

Até mesmo quando se trata da pesquisa científica, existe uma espécie de hierarquização, que leva em conta os males que afligem os países do hemisfério norte: obesidade, doenças do coração e os diversos tipos de câncer. Não que essas doenças não acometam as populações de países subdesenvolvidos. Porém, é sabido que a lógica dos laboratórios privados se apoia na capacidade de geração de lucros contínuos a partir do desenvolvimento das moléculas. Afinal, são os habitantes de países de renda média elevada que possuem os meios para aderir mais rapidamente as novas drogas.

É neste contexto que deve ser analisado o fato de terem sido necessários 35 anos para o desenvolvimento de uma vacina contra a malária. A doença parasitária, cujo primeiro registro se deu em 1880, possui um efeito deletério sobre a saúde e a economia de muitos países. Isso porque, mesmo não tendo uma carga elevada de letalidade, ela provoca longos períodos de absenteísmo na escola e no trabalho. Em 2020, foram registrados 241 milhões de pessoas infectadas, das quais 627 mil vieram a óbito.  

Na quinta-feira (18), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) anunciou a escolha da farmacêutica GSK para tocar o contrato de produção da primeira vacina contra a malária. A concessão histórica, avaliada em cerca de US$ 170 milhões, disponibilizará até 18 milhões de doses da vacina RTS,S nos próximos três anos, quantidade suficiente para salvar anualmente milhares de vidas jovens.

A malária continua a ser uma das maiores causas da morte de crianças com menos de cinco anos. Em 2020, quase meio milhão de meninos e meninas morreram da doença somente na África, o que representa um óbito a cada minuto. A diretora da Divisão de Suprimentos do UNICEF, Etleva Kadilli, disse que o anúncio de concessão envia uma mensagem clara aos desenvolvedores de vacinas contra a malária para que continuem seu trabalho.

“Esperamos que este seja apenas o começo. A inovação contínua é necessária para desenvolver vacinas novas e de próxima geração para aumentar a oferta disponível e permitir um mercado de vacinas mais saudável”, disse ela. “Este é um passo gigantesco em nossos esforços coletivos para salvar a vida das crianças e reduzir o fardo da malária como parte de programas mais amplos de prevenção e controle da malária”.

Mais de 30 países têm áreas com transmissão moderada a alta de malária, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), e a vacina pode fornecer proteção adicional a mais de 25 milhões de crianças a cada an , assim que a oferta aumentar.

A vacina contra a malária RTS,S – resultado de 35 anos de pesquisa e desenvolvimento – é a primeira vacina do mundo contra uma doença parasitária.

 

Com informações da ONU BrasilLeia texto original, aqui