A arte na América latina é marcada por diversos processos de manifestações artísticas, o Muralismo mexicano é um deles. Diego Rivera, um dos precursores da arte muralista, ao lado de Orozco e Siqueiros, transformou a arte contemporânea do século 20.
O Muralismo vem para mostrar que as questões que mexem com os ideais, a cultura e identidade de um povo não podem ser confinadas em museus, pelo contrário, devem estar ao olhar e em contato com todos.
Não sou crítico de arte e acredito que para sentirmos a arte isso não seja necessário. Citei o muralismo mexicano pois é óbvio que a arte tem uma função social de extrema importância. Mas não somente ela exerce tal função como também pode ter propósito e objetivo claros. O Muralismo está diretamente ligado à Revolução Mexicana, que aconteceu em 1910, quando sonhos, pensamentos e reflexões deram um sentido muito mais amplo à toda arte impressa nos gigantescos murais pintados.
No Brasil, no mesmo século 20, tivemos a Semana de Arte Moderna de 1922, que também projetou internacionalmente vários artistas, como Tarsila do Amaral, que, tratando de questões sociais, pintava sobre o processo de urbanização, o trabalho do homem operário, a fauna e a flora brasileiras.
Claro que os processos de manifestações estão ligados diretamente ao tipo e modo da cultura de um povo. Aqui no Brasil pode ser que o Muralismo não caberia como tal processo de produção artística.
Aqui, foi apenas uma pincelada no panorama das artes na América Latina, tendo o Muralismo mexicano de exemplo, por chamar a atenção pela exuberância, técnica e objetividade na expressão.
Dando um salto no tempo, em São Paulo e em grandes metrópoles, o grafite pode ser um elemento bastante eficaz para expor a história de um povo, o processo de crescimento de uma cidade, mostrando os artistas e as pessoas notáveis que deixaram sua marca na história.
Quando andamos pelas ruas podemos observar, com um olhar mais atento, pinturas lindas que ilustram diversas histórias e visões de mundo de artistas famosos ou anônimos. Por que não unir todos?
Em alguns lugares do Brasil, o grafite desempenha muito bem essa função muralista, integrando todos os artistas que criticam e veem o mundo com outros olhos.
Mas o grafite, como o Muralismo, poderia ter sua função muito mais contundente, focando nas indiferenças sociais. Além disso, o grafite poderia ser uma forma de perpetuar a nossa cultura, possibilitando acabar com os falsos moralistas que colocaram esse tipo de arte em alguns nichos culturais apenas para explorar o superficial.
Esses mesmos moralistas que esquecem o tanto de resistência e reflexão existente por trás do grafite.
O muralismo liberta, o moralismo prende? Eis algo para se pensar!
Rodrigo Garcia é designer gráfico e arte-educador. O que o move no mundo é a possibilidade de ver a arte, seja ela em grafite, ilustração ou em tela