O documentário O Começo da Vida 2 – Lá Fora, disponível na Netflix, traz várias reflexões e informações importantes sobre o caminho que estamos trilhando, como estamos educando as crianças e como isso impacta a vida no planeta – a humanidade e a natureza.
Foto: reprodução de cena de O começo da vida lá fora – 2 / Divulgação
Em tempos de pandemia, buscar refúgio e conexão com a natureza se tornou uma necessidade e um alívio. É em contato dom a natureza que temos a chance de nos movimentar livremente e respirar sem filtro, sem máscara.
O documentário foi produzido antes da pandemia, mas, sob os efeitos da Covid-19 em nossas vidas, o tema abordado se torna ainda mais impactante.
O tema central do filme são as consequências para o meio ambiente e para o desenvolvimento, saúde física e mental das crianças por passarem a maior parte do tempo em ambientes fechados, na TV ou em outras mídias, sem interação com o meio externo e com a natureza. Especialistas mostram como a interação com o meio ambiente pode fazer parte da solução para vários dos desafios da humanidade.
Eu vou me ater à discussão sobre os impactos que a falta de conexão das crianças com a natureza traz para a preservação do meio ambiente, assunto que tem sido tão presente e urgente na minha atividade como agricultora.
“Que diferença faz se a criança não sair mais?” questiona o Scott D. Sampson, diretor executivo do California Academy Sciences. E apresenta respostas. “Faz toda a diferença. Se elas não ficarem ao ar livre, como vão se apaixonar pelo lugar em que moram? E se isso não acontecer, por que iriam cuidar desses lugares?”. De fato, não tem como amar e cuidar do que a gente não conhece.
Eu falei sobre como não preservar a natureza já está afetando a nossa sobrevivência como humanidade aqui.
Ouvir a antropóloga e primatóloga Jane Goodall, do Jane Goodall Institute, chega a nos causar estranheza, já que tudo nos indica que as gerações mais novas, as gerações Y e Z, são mais preocupadas com os temas relacionados à sustentabilidade e à preservação do meio ambiente. Ela argumenta que, em suas viagens pelo mundo, em conversas com jovens que parecem ter perdido as esperanças, o que ouve é: vocês prejudicaram o nosso futuro e não há nada que possamos fazer. “É verdade, ao destruir o meio ambiente estamos acabando com o futuro deles, mas não acho que seja tarde demais. Ainda dá tempo”, diz Goodall.
A conexão homem natureza inicia na infância e cabe a nós, adultos, despertar e estimular as crianças para isso. Ao proteger as crianças e não expô-las aos riscos de explorar o ambiente (cair e se machucar) estamos, na verdade, impedindo o seu desenvolvimento, a capacidade de criar, se maravilhar e ser parte da solução.
Foto: reprodução de cena de O começo da vida lá fora – 2 / Divulgação
No site do documentário é possível se inscrever para receber dicas do programa Criança e Natureza, do Instituto Alana, sobre o que fazer para reconectar crianças e natureza.
PS – O documentário é uma produção brasileira da Maria Farinha Filmes, e o idioma original é uma mistura de português, espanhol e inglês. Um reflexo de como estamos todos conectados e que, solicitando uma licença aos autores, remete a uma frase do inicial do filme. “O básico da vida é a interação”. Cabe a cada um de nós tirar disso o que há de melhor.
