Aceleradora Bluefields cresce na onda da inovação aberta

Aceleradora Bluefields cresce na onda da inovação aberta

As startups estiveram no centro de algumas das maiores inovações recentes, especialmente no que se refere à simplificação de tarefas cotidianas. Os exemplos incluem desde o setor de telecomunicações (Skype) até o de logística (Waze), passando pelo modo de acessar arquivos de áudio (Spotify). Boa parte desses negócios disruptivos e que se transformaram em unicórnios, startups avaliadas em mais de US$ 1 bilhão, ganharam vida a partir de iniciativas de um pequeno grupo de empreendedores. Na maioria das vezes, o time trabalhou de forma isolada e focado em um único segmento ou área de atuação.

Decorridos 60 anos do surgimento do Vale do Silício, começa a ganhar terreno o sistema de trabalho baseado fortemente na colaboração. “Somos procurados por inúmeras empresas ávidas por se reinventarem, a partir da criação de um ecossistema de inovação”, destaca, Paulo Humaitá, cofundador e CEO da Bluefields, aceleradora de startups baseada em São Paulo. “O cheiro de startup é o que mantém vivo o ciclo de inovação.”

Essa parceria acontece por meio do programa Biodigital Startups que reúne empresas de agronegócios, alimentação e saúde, com receita anual entre R$ 3 milhões e R$ 5 milhões. O mais recente contrato foi assinado com a subsidiária da dinamarquesa Novo Nordisk, gigante da área farmacêutica. O processo foi bastante concorrido. Das 212 inscritas, apenas nove foram escolhidas para uma jornada prevista para durar quatro meses.

Segundo Paulo, a procura está diretamente ligada às possíveis recompensas. “Assinar um contrato com um parceiro global possibilita que a startup dobre de tamanho, rapidamente”, explica. Um bom exemplo é a agtech Mindflow que passou pelo nosso programa e hoje está baseada na Bélgica.   

fabrica de inovacao 1 papo reto internaAtividades remotas permitiram ampliar número de startups no universo Bluefields

Desde sua fundação, em 2017, a Bluefields já acelerou mais de 200 empreendimentos. Muitos deles entraram no radar a partir do programa Spark, que utiliza a metodologia da Universidade Harvard e é focado em empresas em estágio inicial (validação). A pandemia de Covid-19 exigiu inúmeros ajustes no processo, que passou a ser integralmente remoto. Por conta disso, conseguiu agregar ao seu portfólio startups de Santa Catarina, Amazonas, Rio Grande do Sul e do interior de São Paulo. Para a próxima turma, que começa em maio, serão abertas 50 vagas. “Nossa meta para 2023 é acelerar 300 negócios por ano”, diz.  

Uma das principais características do Spark é o acesso a amplo time de mentores e conselheiros, além da oportunidade de ficar cara a cara com investidores e fundos de private equity. A atenção para quem está começando é um traço da carreira do empreendedor nascido em Lins (SP), e que iniciou a trajetória profissional no Paraná.

Paulo Humaita bluefields 1 papo reto

Em 2005, logo no primeiro ano do curso de Economia, na Universidade Estadual de Londrina (UEL), ele se voluntariou para atuar na incubadora de empresas. Lá, ele ajudou a criar a Guenka Software e acabou sendo contratado como diretor financeiro (CFO).

Concluído o curso, Paulo atuou como executivo em startups e empresas de grande porte, como a Novozymes, gigante do setor de biotecnologia. Passou por diversos cargos, mas ao optar por uma vaga no Departamento de Inovação teve de abrir mão da proposta para atuar na filial dos Estados Unidos. E, pelo visto, não se arrependeu. “Comecei a me relacionar com muitas startups empolgantes e decidi dar uma guinada em minha carreira”, conta. 

Idealizada em 2015, a Bluefields só começou a ganhar tração em 2017, quando lançou o primeiro programa de aceleração. Entre erros e acertos, Paulo lembra que a fintech Siclos, adquirida pela Stone, foi uma das que participaram dessa rodada.