É praticamente impossível não sair impactado de uma palestra proferida pelo serial entrepreneur Hebert Bouzon, fundador e CEO da PdD (Projeto de Deus) Academy, uma escola de negócios. Primeiro pelo seu jeito direto e reto de falar sobre sua trajetória, momento no qual se desnuda diante da audiência. “Já fundei mais de 45 negócios e muitos deles faliram. Aprendi com meus erros e meus acertos e, hoje, estou à frente de 11 negócios bem-sucedidos, alguns deles em parceria com bilionários, e sigo empreendendo”, diz. A sessão de psicodrama, vocábulo usado, aqui, como licença poética, inclui, ainda, a vida pessoal: “Eu era pobre, deficiente físico, corno e infértil. Hoje estou curado, tenho uma filha linda de 2 anos e uma mulher maravilhosa.” Estas frases têm sido repetidas ao longo dos últimos 23 anos, em concorridos encontros, de norte a sul do Brasil, nos quais ele reúne realizadores, líderes empresariais e agentes públicos. No total, a PdD Academy já impactou 200 mil pessoas presencialmente e um milhão por meio dos aulas exibidas em suas redes sociais.
Inquieto por natureza, Hebert acaba de se associar ao jornalista José Vicente Bernardo para a criação do movimento Power Minds Connex. Trata-se de um ecossistema de educação empresarial focado em imersões, mentorias, palestras e espaços de relacionamento, direcionados a empresários e altos executivos. “Assim como na atividade empreendedora, o dia a dia de CEOs é por vezes muito solitário, pois eles são instados a tomar decisões sem ter de consultar ninguém por conta da exigência de sigilo funcional”, diz. “É neste contexto que a possibilidade de trocar experiências e aprender com quem esteve na mesma posição pode ser uma grande alavanca para a carreira ou o negócio”. Os encontros, divididos nos formatos imersão e confraria, começam já neste mês pelos estados de Bahia, Sergipe, Pernambuco e Alagoas, para grupos de 400 a 800 pessoas.
José Vicente (à esq.) Maritza Metzeker e Herbert Bouzon / Foto: Kary Moraes
Assim como nas demais atividades formativas, não será cobrada nenhum tipo de taxa, apenas 2kg de alimentos, que serão distribuídos em forma de cestas básicas para famílias carentes da região. Parece um contrassenso em relação aos dogmas do capitalismo pregado pelo americano Milton Friedman, laureado com o Prêmio Nobel, que cunhou o axioma Não existe almoço grátis. “Não estamos fazendo um grupo de networking, mas sim um espaço para relacionamentos genuínos”, explica. Neste contexto, Hebert destaca que o retorno do investimento se dá por meio da ampliação do capital social, do fortalecimento do branding empresarial e pessoal, além da divulgação da marca. “O advento da internet transformou o conhecimento em commodity. Está tudo na rede. Hoje, o que é valorizado é a possibilidade de dialogar em alto nível, com líderes em seus respectivos setores.”
Mas e quem banca os custos fixos de tantas atividades? Ele conta que o Power Minds Connex está sendo estruturado com recursos próprios e a participação de 10 empresários amigos que apaixonaram-se pela iniciativa e decidiram entrar como sócios-fundadores, responsáveis pelos investimentos necessários para colocar de pé todas as vertentes da plataforma colaborativa. No total serão quatro iniciativas: o podcast ancorado por José Vicente e que entrou no ar no mês passado, a agenda de encontros nas confrarias, as imersões e o programa de TV, previsto para estrear no primeiro trimestre de 2026. Segundo o criador da PdD Academy, as negociações estão avançadas com três emissoras que já mostraram interesse em alugar espaço em sua grade ou se tornar parceira do projeto. Para dar conta de tudo isso, os sócios-fundadores vão desembolsar mensalmente um total estimado em R$ 100 mil.
Lançado no final de outubro, em São Paulo, durante um concorrido jantar, o Power Minds Connex começou a ser desenhado a partir de conversas entre Hebert e José Vicente. Eles se conheceram no âmbito profissional de relacionamento jornalista-fonte e acabaram desenvolvendo uma sólida amizade. Assim como a sinceridade extrema, a capacidade de lançar pontes é outro componente integrante do DNA de Hebert. É difícil um interlocutor não se encantar pela forma apaixonada como discorre sobre todos os assuntos. Apesar de ter se firmado como um serial entrepreneur e de “ralar” ao longo de 365 dias do ano, credita seu sucesso a um “plano de Deus”. E foi movido pela fé que ele diz ter saído da quase miséria para um padrão de vida confortável e em harmonia.
Jantar de lançamento do ecossistema Power Minds, em SP / Foto: Kary Moraes
Como retribuição às graças alcançadas, ele resolveu apostar no compartilhamento de saberes, criando o que chama de corrente do bem. Nessa jornada, já esteve em presídios e centros de recuperação na Bahia, ministrando cursos profissionalizantes. Passou pela Favela de Paraisópolis, em SP, e em uma série de templos evangélicos por todo Brasil. Em todos estes encontros, Hebert tem ao seu lado alguns dos 300 mentorados que o acompanham desde 2002, quando criou sua primeira escola de cursos profissionalizantes, que concorria com redes como Microlins, ministrando cursos de telemarketing, secretariado e assistente administrativo, por exemplo.
“Fazia palestras e montava cursos gratuitos de pequena duração como forma de captar alunos”, lembra. Tudo isso em meio a um processo doloroso de divórcio. “Minha trajetória é marcada pela superação, tanto no campo pessoal, quanto profissional, onde dedico-me a levar uma palavra de esperança, força e fé, para que todos possam acreditar, que se teve jeito para mim, eles também podem ser mais do que vencedores! E, com a graça de Deus, eu me orgulho de tudo que fiz até hoje”.
