Brasil na rota do Laboratório Expanscience

Brasil na rota do Laboratório Expanscience

Nas últimas décadas, o setor produtivo vem sendo desafiado a intensificar seus compromissos com a sustentabilidade ambiental e social. A pressão decorre de inúmeros fatores: maior consciência por parte dos consumidores, aperto dos órgãos reguladores e a exigência do mercado financeiro, notadamente os Fundos de Investimentos, que colocaram no centro de sua estratégia de alocação de recursos o conceito ESG (ambiental, social e governança, da sigla em inglês). Neste contexto, muitas empresas que já possuíam a sustentabilidade como parte integrante de seu DNA tiveram que fazer ajustes.

Um bom exemplo é o Laboratório Expanscience, gigante francês com receitas em torno de 500 milhões de euros e que atua nos segmentos de cosméticos, dermocosméticos e medicamentos para artrose, vendidos sob as marcas Mustela, Babo Botanicals, Hyalexo, Piasclèdine 300, entre outras. Pioneira do setor na certificação B Corp Beauty Coalition, que atesta as práticas ambientais e sociais, a empresa está alterando seu modelo produtivo. Para se tornar carbono zero, até 2030, a fabricação dos produtos, por exemplo, será descentralizada. Afinal, o transporte é um dos vilões do efeito estufa. “Hoje, todos os nossos produtos vêm das unidades existentes na França”, conta Marilla Mesquita, gerente de marketing e responsabilidade Socioambiental Corporativa da Mustela. 

Bom para o Brasil, onde o laboratório francês desembarcou há sete anos para comercializar itens da marca Mustela, de cosméticos para bebês e crianças. A executiva conta que as mudanças serão gradativas. A expectativa é envasar localmente alguns produtos e, em um segundo momento, atuar com produção local. “Vamos desenvolver ingredientes ativos e fornecedores locais de insumos usados em nossas fórmulas”, adianta.

Balsamo Multifuncional Mustela 1 papo retoO modelo será semelhante ao adotado no Peru, onde a Expanscience concentra a aquisição e processamento do abacate, uma de suas principais matérias primas. Marilla conta que o trabalho é feito em parceria com pequenos agricultores e cooperativas, que recebem treinamento e recursos para atuar no sistema orgânico. Outro detalhe importante é que os franceses compram apenas os frutos que, normalmente, seriam descartados por não apresentarem valor comercial em função da aparência ou do tamanho. Nada é desperdiçado!  

A fruta é a base do Bálsamo Multifuncional Orgânico que a subsidiária acaba de lançar no Brasil e cuja venda começa no final do primeiro trimestre de 2023. “O creme foi pensado para atender desde os bebês até os adultos, em todos os tipos de pele”, diz a gerente de marketing e responsabilidade Socioambiental Corporativa da Mustela. Com este produto, Marilla espera manter o ritmo acelerado. “Nossa operação conta com 46 funcionários e atuamos no ritmo de startup, dobrando de tamanho a cada ano”.