Educação que gera empregos de qualidade

Educação que gera empregos de qualidade

Um traço marcante nas pesquisas sobre desemprego é o fato de a taxa referente aos brasileiros entre 18 e 24 anos figurar sempre acima da dos demais integrantes da População Economicamente Ativa (PEA). Isso vale para o momento atual de crise global, desencadeada pela pandemia de covid-19, como também para os períodos de normalidade. Afinal, desde 2016 a taxa para este recorte etário está acima de 20%, tendo batido em 22,8%, em 2022, ante 11,1% da contagem total da PEA. Quem já saiu em busca do primeiro emprego sabe o quão difícil é se colocar no mercado. Muitas vezes, o que emperra é a falta de qualificação ou de experiência, ou a soma de ambas.

O fenômeno é global, mas atinge de forma mais aguda os jovens em famílias na base da pirâmide, especialmente as mulheres com filhos. Para tentar solucionar a questão tem surgido uma série de iniciativas. A lista inclui ações que tentam contemplar os dos lados da questão: a oferta, por meio de incentivos fiscais para empresas contratarem estagiários, e a demanda, a partir de programas de formação de mão de obra.

Infelizmente, esse modelo não tem conseguido gerar resultados práticos. Um bom exemplo é o fato de as empresas do segmento de Tecnologia da Informação e da Comunicação (TIC) continuarem com dificuldades para preencher todas as vagas ofertadas, apesar da profusão de cursos profissionalizantes. “Um dos grandes problemas é que, em geral, os cursos são apenas cursos. Ou seja, nem sempre os alunos saem habilitados a atuar na área desejada”, diz a empreendedora social Carmela Borst, cofundadora e atual CEO da edtech SoulCode Academy.

Carmela fala com bastante conhecimento de causa, pois traz na bagagem 25 anos de experiência como alta executiva em gigantes multinacionais, especialmente da área de Tecnologia. Nesta condição, ela acabou se envolvendo com projetos sociais, atuando como conselheira de inúmeras ONGs focadas em jovens em situação de vulnerabilidade social. E foi com o objetivo de unir os dois mundos que ela decidiu criar a SoulCode Academy, em dezembro de 2020.

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Pela edtech já passaram 470 jovens e a meta é chegar a 1,2 mil até dezembro. Para isso, foi ampliado o número de cursos (mobile, java, engenharia de dados, salesforce e automação de marketing) e a modalidade de aprendizado, com a inclusão do formato EaD (Ensino a Distância). Até então, as aulas remotas eram ministradas ao vivo, por quatro horas, ao longo de quatro meses. “O foco do EaD é permitir que profissionais já colocados no mercado possam crescer na carreira, adicionando novas habilidades”, conta.

Perfeccionista, Carmela conta que nunca desejou montar apenas uma startup de impacto social. Por conta disso, e bem no estilo mochileira, ela percorreu 12 escolas do gênero em diversos países para conhecer iniciativas do gênero. A lista incluiu Singapura, Estados Unidos (Vale do Silício), França, Inglaterra e Portugal, onde conheceu metodologias de ensino de TIC voltadas à empregabilidade. Ao final, entendeu que o ideal seria reunir o melhor de cada experiência, em uma metodologia que tem como premissa as características e necessidades dos jovens e do mercado de trabalho local. Os cursos da SoulCode Academy são gratuitos e a taxa de empregabilidade dos alunos é elevada: 96%. Isso é possível graças à parceria com gigantes de diversos setores que, além de bancarem os custos dos alunos, ainda se comprometem em contratá-los.

“Nossa ambição é transformar vidas por meio da inovação tecnológica e da empregabilidade de jovens, especialmente os de baixa renda e moradores das periferias”, destaca. Hoje, metade dos alunos da SoulCode Academy são mulheres, das quais 30% se autodeclaram afrodescendentes. Ao longo dessa jornada, a empreendedora social conseguiu arregimentar colegas de longa data do mundo da tecnologia (Fabricio Cardoso, Juana Pinkalsky e Silvio Genesini), que resolveram investir suas economias numa aposta pelo social.

 

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